Tudo o que pensamos, vivemos, sentimos, queremos.

7 de julho de 2011

Conúbio.

Chove lá fora. Aqui dentro, eu e meu amor. O frio, embora intenso, não consegue arrefecer o calor que o lembrar dela me traz. Nesta lembrança, penso voltar a ser infante e viver à puerícia. Ir lá fora, pegar tua mão e dançar um scherzo qualquer. Tu e teu vestido de bolinhas coloridas. Eu e minha vergonha de mostrar quem sou pra ti. Tu e tua pessoa introspecta. Eu e minha angústia de querer saber quem és.

Sabendo que queres ir comigo, te faço um convite um tanto atrevido: "Queres ver a chuva que lá fora cai?". Sem hesitar, sei que aceitarias. Não és moça de desfeitas. Aceitarias movida pelo teu ultraje com cara de ingenuidade.

Já lá fora sentindo da chuva, te convido pra uma dança qualquer. Embora eu saiba que não sabes dançar, te faço lembrar que ainda somos crianças e não precisamos ser mestres naquilo que fazemos. Querer fazer já basta.

Na intimidade da dança, a parte mais íntima do corpo é a cintura, e como é bom saber que só eu - e mais ninguém - é quem pode pegar nestas tuas finuras sem ter de ti um olhar rude. Sei que posso, pois me amas. Sei que devo, pois me queres. Sei que gostas, pois me aceitas. Neste ato, te tenho como minha. Minha posse. Meu latifúndio. Minha rainha.

Já tentando dançar qualquer coisa, tu percebes que o que há são mais do que passos de dança. Tu sabes que te quero - e quem disse que tu não me queres? sei que o teu coração está vibrante, teu sangue ferve e tua alma gélida está. Será a chuva? certamente que não. Até a chuva parou pra olhar a bela cena que se dá naquele quintal, no bairro Jardim Botânico, juntos aos pés de acerola, laranja e manacá.

Num impulso, volto à vida. Deixo a infância com suas lembranças para trás. Sei que não te tenho como antes, com vestidos de bolinhas - variados - ou com aquela face rosada, não obstante, olho para o lado e te tenho aqui, comigo, sorrindo, me amando. Te quis quando criança pra poder te ter agora. Agora que te tenho, o que restam são lembranças.

Cleison Brugger.

Nenhum comentário:

Postar um comentário