Tudo o que pensamos, vivemos, sentimos, queremos.

7 de abril de 2012

Distância

Você ai, e eu aqui, com uma vontade louca de te abraçar. Mas me contenho. Dou tempo ao tempo. Ele dirá quando e como deverei avançar mais alguns passos, embora eu não entenda o porquê não posso te ter agora.

Olho ao redor. Vejo outras pessoas. Com outras pessoas quero dizer que vejo casais. Eles se abraçam, se entreolham, se beijam. E eu aqui, olhando você e querendo fazer contigo tudo o que os casais em volta têm a liberdade de fazer. Mas me contenho. Sei do seu jeito. Ele é introspecto, ensimesmado. Quando muito, acanhado. Gosto dele. Me fascina. És diferente. Por isso te quero. Te quero, é certo, mas num tempo oportuno.

Quem sabe a saudade que reina entre nós dois nos deixe ainda mais apaixonados? quem sabe um pouquinho de distância seja essencial para aquecer esse sentimento? estás tão perto, conquanto tão distante. Teus lábios, teu olhar, tua doçura me atrai. Te quero, é certo, mas a insegurança que reina em mim, - ou quem sabe entre nós dois - , faz parecer tudo uma paixão pueril. Te quero, mas adulto. Quero saber tratar contigo. Quero ser um homem completo pra você, com pegada, doçura, carinhos e romantismo. Quero te dar beijos, mas também flores. Quero beijar tua nuca, mas te escrever alguns versos em prosa. Anseio pelo dia que poderei te abraçar na frente de todos e dizer: negada, ela é minha! e de mais ninguém. Enquanto esse dia não vem, me contenho, ainda parado, olhando você. Nesse interim, uma briga dentro de mim. Alguém diz: vai homem, toma posse do que é teu. No que outro alguém refuta: espera homem, pensa nas consequências. Nesta briga, me contenho, penso em tudo. Alimento dentro de mim um amor, mas fora de mim um olhar sério, rústico, emblemático, quase negligente. Perdão por parecer difícil. É mania. A masculinidade tem dessas coisas. Faz parte de quem está amando, ou querendo amar, ou ainda, querendo ser amado.

Na minha cabeça, tudo é um sonho. Na realidade, tudo parece ser tão difícil. Mas ainda assim, vou levando tudo com um sorriso atrevido, malandro, mas sincero. Nada de sarcasmo. Contigo não há ironias, mas há o paradoxal malandro-doce, que é aquele perfume gostoso que só de sentir o cheiro te faz suspirar. Bem, suspire à vontade. Eu deixo. Aliás, eu quero. Enquanto isso, eu fico aqui, me contendo.

Cleison Brügger