Tudo o que pensamos, vivemos, sentimos, queremos.

26 de maio de 2011

Coração.

Um miscigenismo de sentimentos. Uma desvairada vontade de acabar com o encanto. Calada está a boca enquanto grita o coração.

Como ter ciúmes de quem nem se sabe o nome? como se enamorar por alguém que quase não se vê? Ora, e o coração do homem algum dia foi terra de alguém? pode a anatomia dissecá-lo em mil partes e, ainda assim, não o entenderá.

Coração bobo, que de repente fica estranhamente aquecido e, como por um lapso, enlouquecidamente enciumado. Coração besta, que no sentir prazer alheio, pensa logo que é paixão. Ora, coração, nem conheces a moça, mas somente no trocar de palavras com um outro alguém, te cravas ódio. Tem tenência, coração, pois não podes amar latifúndios que já possui senhor feudal.

Sossega-te, coração, que nada é para hoje. Acalma-te, solidão, que sentimentos vão e vem. Não te enganes, coração, que gostar não é amar. Toma tenência, coração, pois embora os sentimentos fortes te pareçam, como a água do riacho logo se irá e nem te lembrarás. Acorda, coração, que tua mocidade anda a te espreitar pelas frestas, perguntando até quando perderás tempo oportuno. Desapega-te, coração, pois a moça que vês tem marido e aliança. Traiçoeiro coração, que sempre te atém àquilo que não é teu. Ah, como eu queria amar a mulher do meu amor e dar alento a este que esperneia tal qual louco desvairado, meu coração.

Cleison Brugger

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