Tudo o que pensamos, vivemos, sentimos, queremos.

2 de junho de 2011

La vita è bella

Vamos sair para o campo, dar a mão às raparigas em flor e dançar com elas ao Sol*. Vamos à floresta, ver as folhas que o outono envelheceu, anunciando o fim do veraneio. Vamos à rua, pisar descalços na terra que a chuva encharcou, e arriscar alguns passos de tango. Vamos ao baile, àquele que acontece na praça, e mostrar-lhes o charme da nossa raça. Vai, põe teu vestido vermelho de cetim e vem! Vem, dá-me tua mão enquanto cai chuva. Vai, deixa molhar teu rosto moreno. Vem, que te farei suspirar poesia. Vai, dança na chuva e solta os cabelos. Vem, dá-me do calor do teu verão. Vai, dança a dança da tua tribo. Vem, deixe-me tocar tua pele ianomani. Permita-me te amar ao som deste scherzo, para que então, chegada a primavera, possa eu te colher a primeira flor, agarrar-te e ter-te como minha. Vai, não deixe que morra o que arde em nós dois. Vem, vem dar vida àquilo que parece singelo, mas é fogo e paixão. Vem, que prometo pedir aos teus pais tua mão. Vem, que te tiro de casa e te levo comigo no meu alazão. Vem, que sairemos ao campo, sem rumo ou destino, sobrevivendo somente de amores. Sim, quero ter-te e olhar-te e amar-te. Despertar pela manhã e despertar-te, e olhando tua beleza, desejando os teus lábios, poder dizer: Buongiorno, principessa.

Cleison Brugger

*Texto de Érico Veríssimo no conto: "As mãos de meu filho".

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