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9 de dezembro de 2011

Dezembro

Imagem por Gregory Rocha

Dezembro é um mês incomum. É o único mês do ano que as pessoas aparentam estar alegres. Digo aparentar, pois os pisca-piscas coloridos nas árvores e fachadas, os shoppings decorados e as lojas abarrotadas dão a entender que as pessoas estão felizes e que o mundo está melhor. Ledo engano.
Alguns vão às compras só por inveja, outros porque já é de praxe. Algumas pessoas ficam mais sociáveis no mês de dezembro, só pra que o "feliz natal" e "feliz ano novo" não soe muito falso e a consciência não fique martelando. A verdade é que chega dezembro, mas as amizades falsas continuam, os assassinatos também e a morte não tira folga. Ninguém muda em dezembro. Desafio você a, pelo menos, lembrar das coisas que você prometeu fazer dezembro passado. Bem, se você não lembra, quanto menos cumprir o que prometeu a si mesmo (ou a outrem). Decerto, dezembro não é um mês mágico.

Mas, de fato, não é o pior do meses. Talvez seja o melhor dos doze. É em dezembro que fechamos pra balanço, que fazemos projetos (por menores que sejam) para o próximo ano (coisa que não fazemos nos outros meses). É em dezembro que a ficha de que o ano está findando e você não fez metade do que deveria, cai. Dezembro é pura melancolia à noite, como também, é pura correria ao dia. Em dezembro, temos que ter cuidado ao dar a desculpa: "deixa pro ano que vem...", pois o ano que vem, vem logo ali. É em dezembro que bate o desespero: "como será o ano que vem? será que eu caso, fico rico(a), escrevo um livro, bato as botas...?". É em dezembro que as coisas precisam se acertar.

Dezembro é o resumo do trabalho, é a conclusão da redação. Dezembro é o mês em que olhamos para trás e não lembramos nem quem fomos em janeiro. E, para cunho meramente informativo, dezembro é o único mês que, ao mesmo tempo, está perto e distante de janeiro. É, de fato, um mês confuso. 

De fato, as pessoas esperam que o ano que está para vir, seja melhor que o ano em que estamos. Você já pensou na possibilidade de que, todo ano, sempre pensamos assim? nunca está bom o suficiente! Mas, na verdade, enquanto nós esperamos que o ano que está por vir seja melhor, o ano que vem espera que nós é que sejamos melhores. Querer que o ano mude é interessante, mas o dever de mudar é nosso. Jocosamente, parece que é intrínseco ao humano: até quando as coisas não vão bem, a culpa é colocada no lombo do ano que está, dizendo que o ano foi péssimo e que o destino lhe estava virado. Ora, vire homem e assuma seus erros. As coisas não foram bem, porque você não foi bom o suficiente para mudar as coisas.

Então,  o conselho nesse dezembro é o que vem a seguir: quando as taças, no ano novo, estiverem para brindar  e alguém propôr: "vamos tomar champagne pra comemorar?", diga pra quem propôs: "que tal, antes do champagne, tomarmos tenência, a fim de que não comemoremos apenas o hoje, mas também, os próximos dias que teremos que viver?"

Talvez você seja odiado na festinha e ninguém te dê presente, mas dê de ombros. Essa festinha tem todo dezembro, e o outro dezembro daqui a pouco está chegando, novamente.

BRUGGER, C.

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